APREENSÃO DE MEDICAMENTOS FALSIFICADOS EM SERRA TALHADA

Uma operação da Polícia Federal (PF) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em três cidades do Sertão pernambucano e uma do Ceará, apreendeu 21.479 caixas de remédios que estavam sendo vendidas irregularmente. Outro problema encontrado no interior foi a comercialização de remédios controlados autênticos, mas vendidos sem autorização ou receita médica. A apreensão foi a maior do país nos últimos três anos, resultando no indiciamento de 15 pessoas.

A presença de medicamentos contrabandeados nas farmácias de Serra Talhada, Salgueiro e Ouricuri, além de Penaforte (CE), foi o que mais chamou a atenção das autoridades. Entre as falsificações estavam comprimidos de Cytotec e Pramil (similar ao Viagra), ambos sem autorização para venda no Brasil. A comercialização do misoprostol (Cytotec) é proibida pela portaria 344/98 do Ministério da Saúde desde 1998, devido ao uso disseminado para fins abortivos. "Ele foi criado para curar úlceras e o aborto é um efeito colateral. Mas estava sendo usado apenas para abortar e é muito perigoso sem acompanhamento médico", esclareceu o gerente da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito.

O Cytotec autêntico é produzido por um laboratório pernambucano enquanto o falsificado veio do Paraguai. O Pramil, fabricado originalmente na Itália, também veio do país vizinho e não possui registro no Brasil, assim como não passou por avaliações da Anvisa. "Ele foi banido do país e pode tanto não servir para nada como apresentar um efeito colateral desconhecido", assegurou o gestor da Apevisa, que participou da operação. Brito ressaltou que o terceiro medicamento falsificado, o Lucitan (tranquilizante similar ao diazepan) estava com o rótulo de um laboratório de Caruaru, interditado há três meses. "Ele não tinha mais registro para produzir e, ao que tudo indica, continuava operando", afirmou Brito.
Quanto aos medicamentos controlados, a principal irregularidade foi a venda sem autorização sanitária e com receituário falsificado. Em uma farmácia de Ouricuri, os fiscais encontraram remédios vencidos, sem origem ou de uso exclusivo hospitalar, além de receitas falsificadas. O valor de R$ 130 mil também foi recolhido por não ter procedência comprovada. "Este foi o caso mais complexo, pois ainda indica o desvio de remédios do Sistema Único de Saúde", acrescentou o delegado da PF, Cristiano Rocha. Ele informou que a operação começou na segunda-feira da semana passada, dia 13, com a prisão de duas pessoas no Ceará. Em seguida, os 20 policiais federais e 19 fiscais da vigilância seguiram para o interior de Pernambuco. O balanço da ação foi divulgado ontem.

A médica clínica do Hospital das Clínicas (HC) Norma Filgueira destacou o risco da automedicação e da escolha por medicamentos proibidos, como os falsificados. "Os remédios controlados causam dependência e devem ser acompanhados", reforçou, lembrando da importância de conferir a validade e a origem dos medicamentos. Do Diário de Pernambuco.

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